segunda-feira, 11 de abril de 2022

Paulo Freire: Vida e Legado

Você já se perguntou o que significa deixar um legado que perpetue suas ideias e sua contribuição para a sociedade? 

Quando analisamos a biografia de Paulo Freire, podemos perceber que isso é tão possível, quanto necessário. Paulo Freire foi um dos maiores educadores brasileiros, revolucionando a alfabetização de adultos com a criação de um método inovador, que ficou conhecido tanto nacionalmente, como, também, internacionalmente.
Sobre suas origens, é conhecido que ele nasceu no Recife, no dia 19 de setembro de 1921, e era filho de Joaquim Temístocles Freire e de Edeltrudes Neves Freire. Paulo morou em Recife até 1931, quando mudou-se Jaboatão dos Guararapes, onde permaneceu até 1941. O início de sua vida acadêmica se deu em Recife, onde iniciou o curso ginasial no Colégio 14 de Julho e concluiu no Colégio Oswaldo Cruz, onde também foi auxiliar de disciplina e, posteriormente, tornou-se professor da língua portuguesa. Em 1943, ingressou na Faculdade de Direito do Recife. Após formar-se, continuou atuando como professor de português no Colégio Oswaldo Cruz e de Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco.
Em uma das primeiras conquistas de sua carreira que se iniciava, em 1947, foi nomeado como diretor do setor de Educação e Cultura do SESI (Serviço Social da Indústria). Juntamente com outros educadores fundou, em 1955, na sua cidade natal, o Instituto Capibaribe, uma escola inovadora que atraiu muitos intelectuais da época e que continua em atividade até os dias de hoje. Através de seus estudos, verificou que havia um grande número de adultos analfabetos na área rural dos estados nordestinos, e se propôs a desenvolver um método de alfabetização. 

A proposta de ensino que desenvolveu tinha como base principal o vocabulário do cotidiano e da realidade dos alunos, por exemplo: o agricultor aprendia as palavras, cana, enxada, terra, colheita etc. Assim, os educandos eram convocados a refletir acerca das questões sociais relacionadas ao seu trabalho. Partindo de palavras base, os alunos descobriam novos termos e ampliavam o vocabulário. Esse método foi aplicado pela primeira vez em 1962, em Angicos, no sertão do Rio Grande do Norte, onde foram alfabetizados 300 trabalhadores da agricultura, e ficou conhecido como “Quarenta horas de Angicos”. 


Com o golpe militar de 1964, Paulo Freire foi acusado e levado para a prisão, onde ficou por cerca de dois meses. Na seqüência, foi libertado e exilado para o Chile. Nos cinco anos seguintes, desenvolveu trabalhos em programas de educação de adultos, no Instituto Chileno para a Reforma Agrária. Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard. Viajou por diversos países dando consultoria educacional, além de ser consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Municipal das Igrejas, em Genebra, na Suíça, durante dez anos.Em 1980, anistiado, ele retornou ao Brasil, fixando residência em São Paulo, onde foi professor da UNICAMP, da PUC, e atuou como Secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo, na gestão de Luísa Erundina.Por seu trabalho brilhante na área educacional, Paulo Freire foi reconhecido mundialmente. Ele é o brasileiro com mais títulos de Doutor Honoris Causa de diversas universidades. Ao todo são 41 instituições, entre elas, Harvard, Cambridge e Oxford. 

Além disso, foi autor de extensa bibliografia, que se tornou fundamental para o fortalecimento das bases da educação brasileira, essas são algumas de suas obras: Educação Como Prática da Liberdade (1967), Pedagogia do Oprimido (1968), Cartas à Guiné-Bissau (1975), Educação e Mudança (1981), Prática e Educação (1985), Por Uma Pedagogia da Pergunta (1985), Pedagogia da Esperança (1992), Professora Sim, Tia Não: Carta a Quem Ousa Ensinar (1993), À Sombra Desta Mangueira (1995), Pedagogia da Autonomia (1997). 
Fonte: Instituto Paulo Freire - https://www.paulofreire.org

domingo, 18 de julho de 2021

#UVGGINDICA 3 - Uma Viagem da Gravura ao Grafitti Indica

A galerista paulista Edna Matosinho de Pontes, reuniu um banco de dados sobre a arte brasileira de transformar tábuas de madeira em histórias, mais conhecida na contemporaneidade como 'Literatura de Cordel' ou apenas 'Cordel' na exposição "XILOGRAVURA POPULARxilógrafos e poetas de cordel" que entre 2018 e 2019, ocupou um dos mais expressivos ambientes expositivos no Brasil, o Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, em Brasília - DF.


O catalogo da exposição, é um livro de porte avantajado, que traz capa dura, dimensionado em 28 por 28 centímetros, publicado pela Galeria Pontes em 2019. Em suas 300 páginas, estão as fotografias das impressões de xilogravuras de grandes mestres do nordeste brasileiro, dessa arcaica técnica reprodução de imagens invertidas, e ainda as ‘iluminogravuras’ de Ariano Suassuna (1927-2014). Na parte textual uma breve história das publicações impressas que deram origem à maneira peculiar, que se desenvolveu na região nordeste brasileira, em narrar, relatar, informar, alfabetizar, inventar, cantar, rimar e 'metrificar' como destaca o xilogravador pernambucano J.Borges, em uma entrevista concedida, repleta de referências da cultura popular e folguedos nordestinos, que resultam em um infindável material de pesquisa sobre a arte brasileira e do Cordel. 


Cartaz da exposição


Focada na xilogravura desenvolvida nos séculos XIX e XX, o catálogo da exposição transformado em livro, celebra as manifestações nordestinas que criam o conjunto de fatores na construção do riquíssimo imaginário da região. A arte dos cantadores, o repente,  e a estética do cordel, brotaram das crenças e valores de artistas que nunca ou frequentaram muito pouco, as escolas de ensino primário ou fundamental. Pessoas que dimensionaram o diálogo do cotidiano do interior e da periferia dos grandes centros do Brasil em uma genuína interpretação da arte, de raiz brasileira.

Algumas relíquias da xilogravura criadas por poetas populares vinculados aos folhetos de cordel, aparecem para a compreensão da diversidade continental do país, como as impressões dos clichês de 15 por 10 centímetros e meio, obedientes ao formato dos folhetos, que levavam ao sertão brasileiro o valor das palavras, e muitas vezes substituíam os outros meios tecnológicos modernos de comunicação. Eram os folhetos da Literatura de Cordel, os livros, os jornais e também os cadernos, de muitos brasileiros que se alfabetizaram minimamente através do verso e da métrica do poemas.  


Isa Ardene


As raízes do termo 'Cordel' estão ligadas a utilização ibérica, à sua exibição de venda, presos por corda ou barbante; na Galícia, região da Espanha fronteiriça à Portugal, o folheto de poesia popular era conhecido por 'pliego suelto' e também por 'pliego de cordel' e em terras lusitanas correspondia à 'folha volante'. Já no século XV e sobretudo com registros desde o século XVII, os folhetos foram "editados em pequeno formato, contendo histórias narradas em rimas romanceadas de tradição hispânica, ilustradas, muitas vezes, por xilogravura." A literatura popular de países latino americanos também apresentam semelhanças ao cordel brasileiro, como no México, com o 'corrido' e o 'contrapuento' muito próximos ao desafio ou peleja de cantadores-tocadores, na Argentina, os poemas populares impressos em pequenos formatos são conhecidos como 'hojas' ou 'pliegos sueltos'. As similaridades latinas são confirmadas na influência francesa dos séculos XVII, XVIII e XIX, as publicações conhecidas como 'litterature de colportage' e 'bibliotèque bleue' foram extensamente produzidas e impressas em pequenos formatos e ilustradas com xilogravuras, que traziam a capa azul, e o imaginário camponês, artesanal e comercial do tecido social francês. Essas referências são observadas nos papéis coloridos utilizados na literatura de cordel, e a oralidade inspirada em mundos encantados dos trabalhadores franceses, se assemelha às narrativas mais conhecidas do cordel nordestino. Inegáveis semelhanças fortalecem a ideia de permanência dos meios de produção e da vida no sertão nordestino, durante séculos. Vale lembrar que o livro "Duas viagens ao Brasil 1547-1555" do alemão Hans Staden (1525-1576), onde é descrito o ritual antropofágico dos povos indígenas brasileiros, quando publicado na Europa em 1557, tinha aspectos muito semelhantes ao cordel, tanto na questão da utilização da xilogravura como ilustração das cenas narradas, quanto do nascimento da imprensa de tradição europeia, como alternância sobre a propagação de informações e amplitude comunicativa. E também, do ponto de vista antropofágico, validado pelos artistas e intelectuais brasileiros durante a Semana de Arte Moderna de 1922, como um conceito genuinamente brasileiro de receber a cultura estrangeira.    
       


J. Borges 


Seguindo o despertar da intelectualidade modernista em enfatizar a valorização da cultura brasileira na primeira metade do século XX, Ariano Suassuna, quando esteve como docente na Universidade Federal de Pernambuco, já na segunda metade do mesmo século, elevou a xilogravura popular proveniente do cordel, ao prestígio de obra de arte,  defendendo as raízes nordestinas e salientando a independência da xilogravura, com formatos aumentados, conservando a poesia e as ferramentas utilizadas na maneira característica das imagens criadas que continham os folhetos. Essa celebração da arte popular por artistas plásticos e o olhar erudito, são somas de vários fatores políticos, institucionais e sociais. Destaco entre tantas relevantes iniciativas, a liderada por Suassuna, que adota influências de um dos mais destacados cordelistas da virada do século XIX para o XX, o paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918), em sua mais conhecida obra 'O auto da compadecida' (1955) que integra aspectos narrativos dos folhetos, para a dramaturgia referenciada no teatro religioso medieval. Na criação do Movimento Armonial, juntamente com outro pernambucano; Gilvan Samico (1928-2013) objetiva entre as variadas artes, difundir a gravura brasileira e incorporá-las às manifestações da arte e cultura contemporânea. Samico assim como e a paraibana Isa Ardene (1923-2019), também presente na exposição, frequentaram curso e escolas de artes, e viram a difusão e repercussão por meio da imprensa, no meio acadêmico e nos circuitos dos grandes museus e acervos de colecionadores, com um interesse pela arte popular além do folclore e da antropologia. 



Gilvan Samico


Esse reconhecimento internacional pela riqueza da xilogravura popular através do cordel é gozada por José Francisco Borges (1935), mais conhecido pela sua assinatura; J. Borges, entrevistado em sua oficina impressora no município de Bezerros- PE, conta seu início como caixeiro viajante vendedor de folhetos pelas feiras nordestinas, e seu primeiro folheto autoral de cordel, com a xilogravura de Mestre Dila (1937-2019) um dos mais importantes xilógrafos da Literatura de Cordel, e, sua primeira gravura feita em uma colher de jenipapo. Borges, explora em sua narrativa, a infância de estrutura precária para salientar seu lado matuto e cheio de orgulho por expressões regionais. 




Mestre Dila


Uma das preciosidades da entrevista (que pode ser conferida na íntegra, no canal da Galeria Pontes na plataforma online YouTube), são os relatos da tradição do folguedo 'Cavalo-Marinho' e o mito do 'Lobisomem' no imaginário popular do sertanejo nordestino. Mas a percepção importante nas palavras de Borges, para o universo da gravura e para a história do Brasil, é que a precariedade estrutural das condições no sertão nordestino, se manteve durante os séculos XIX e XX, muito próximo ao medievalismo dos séculos XVII e XVIII. A técnica simples, impressa com o prelo de rosca ou feita à mão, gravando tacos de madeira, cavando com faca, canivete, pontuando com prego, e adaptações de ferramentas de fabricação própria, como varetas de guarda-chuva como forma de burilar, fez o cordel ser um dos serviços que constituía a profissão do xilógrafo. E essa expressão difere do xilogravador, pois este seria o artista dedicado à gravura, o xilógrafo, também usufruía de certo prestígio social, sendo procurado para confecção de carimbos para as repartições, cartões de apresentação, convites de aniversário e casamentos, exibindo também uma utilidade pública na sociedade sertaneja, revelando que a arte por si só, não continha a mesma importância, por isso talvez o Cordel no século XX, adquire o papel de reinvenção do povo nordestino, que com a chegada dos adventos tecnológicos da imprensa moderna, deixa de ter essa validade comunitária de impressor e criador de imagens exclusivas e de fácil entendimento, mas enfim entende-se artista. 



Entrevista com J. Borges 


Esse conjunto da obra recente da história brasileira, elevou a consideração da literatura de cordel em Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN em 2018. Sobretudo, a Literatura de Cordel que congrega a Xilogravura Popular, criou um importante fluxo de revelações entre os sertanejos nordestinos brasileiros, aglutinando sob as narrativas, os processos irradiadores da cultura entre os estados, criando uma legítima identidade nordestina brasileira, firmada no século XX, com as ondas migratórias aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, norte do Paraná, e na construção da capital federal, e tantas outras obras e cidades pela região norte do país, levando em suas malas e caixotes de caixeiros viajantes, muitas histórias nos folhetos de cordel.

Fontes:
Instagram: @galeriapontes 
https://www.galeriapontes.com.br/a-xilogravura-popular-xilografos-e-poetas-de-cordel/            





quarta-feira, 10 de março de 2021

#uvggindica Gravura em Metal - Marco Buti e Anna Letycia (orgs.)

 


Gravura em Metal. Marco Buti e Anna Letycia (orgs.) 
ISBN 978-85-314-0586-0     23 x 23 cm     296 p.
1. ed. reimpr. - São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015.


Este é um livro de vários autores, os textos reunidos foram produzidos em diferentes épocas, e lugares. Marco Francesco Buti, nasceu em Empoli, Itália, 1953 vindo morar no Brasil em 1962, tornando-se Gravador, Desenhista e Professor, depois graduar na Escola de Comunicação e Artes da universidade de São Paulo ECA/USP em 1980 e agir diretamente na Montagem do Atelier de Gravura na Universidade Estadual de Campinas UNICAMP, ganhou prêmios em Curitiba, São Paulo e Itália. Buti, defende a pesquisa na gravura, através de metodos muito ligados a pratica artística como intervenção artesanal, principalmento no processo gráfico, onde a experimentação e a prática valida variantes técnicos, provenientes de uma coletânea alquimista que reúne conhecimentos dos tempos remotos da humanidade, atravessando periodos clássicos, aos  medievais,   até as recente cientificidades descobertas e em processo de desenvolvimento. O livro começa com a introdução de Buti nesse sentido; de apresentar um manual que contenha métodos tradicionais, e também seja a combinação com os processos gráficos experimentais e inovadores. A poética e os procedimentos técnicos se alternam em busca da experiência artística em sua plenitude, ou como sugere Buti, em sua totalidade.




Os textos iniciais de Buti, contam como o processo de gravação, englobando a prática da gravura e, manifestando-se por seu intermédio, criam uma distinção qualitativa no uso dessa tecnologia, em acordo expressivo com o pensamento de Decio Pignatari  (1927-2012) " Não mais artesanato, mas arte" em Os Tempos da Arte e da Tecnologia. Ana Mae Barbosa; Lucresia D´Alessio: Elvira Vernaschi (orgs.) O Ensino das Artes das Universidades, São Paulo, Edusp, 1993. O teor histórico, traz três cartas resgatadas à Evandro Carlos Jardim, escritas por José Moraes, e descrevem em desenhos e textos escritos a mão e a máquina, corrigidos e rasurados, lembrando os manuscritos de Leonardo da Vinci, com seu testemunho comprometido na transmissão de conhecimentos, e o estilo  experimental e criador de artistas pesquisadores.   


Combinando a produção gráfica e descrição dos procedimentos técnicos, o livro e organizado em três polos de irradiação da gravura no Brasil; Carlos Oswald, Mário Dóglio e Francesc Domingo. Trazendo informações técnicas diversificadas sobre métodos e instrumentos utilizador pelo artista-gravador, o manejo das tintas e vernizes, a preparação do local de trabalho, modalidades de gravura.

Carlos Oswald (1882, Florença, Itália - 1971, Rio de janeiro). "É sem dúvida o responsável pelo surgimento da gravura em metal moderna no Brasil, conceituada como obras independente e não reprodutiva." (Marco Buti) relativizando o período no início do século vinte, em que a gravura é revalorizada como meio de realização poética, já que como trabalho de reprodução tinha sido substituída por processos fotomecânicos. Oswald, é formador de grande número de artistas que divulgam e disseminam seus conhecimentos, montam exposições, organizam palestras, publicam artigos em revistas e jornais, realizando o desenvolvimento dos trabalhos em Gravura em Metal.          

Teresópolis, 1925. Água-forte, água-tinta, ponta-seca - 17,7 x 28 cm

O Gigante Adormecido. Água-tinta - 27,5 x 19 cm

Gávea, 1925. Água-forte, água-tinta, ponta-seca - 27,3 x 20 cm

Sem título, sem data. Água-forte, água-tinta, ponta-seca - 37,5 x 27,9 cm

Sem título, sem data. Água-forte - 21 x 10,3 cm


Francesc Domingo Segura (Barcelona, 1893 - São Paulo, 1974).

"...veinculou um pequeno livro contendo princípios da gravura em metal, há muito esgotado" (Marco Buti)

  
A cidade de São Paulo Vista da Várzea do Carmo, década de 1950
Água-forte 9,3 x 15,7 cm   


 Princípios Técnicos de Calcografia Manual do Água-fortista  

Compila a formação de um gravador e seu ambiente de produção. Em resumo, as seções do capítulo dão um ótimo panorama das 16 páginas do Manual; Khalkos (grego), Calcos; Arte da gravura sobre metais. O atelier do gravador. Utensílios: Buril, Ponta, Raspador, Régua T, Martelo, Pedra de afiar, Lupa, Pinça grande, Escova de aço.
Metais: Latão, Cobre, Zinco, Aço ou Ferro. Bacias e Papel. 
Mordedores; Ácido nítrico,  Acético, Clorídrico, Percloreto de ferro.
Vernizes; verniz a bola, verniz a pincel, Verniz a base líquida, Emprego dois vernizes, Maneira de envernizar a pincel. Calco e descalco do desenho. Traçado a ponta: Mordedura. Tintas e tiragens das primeiras provas. Retoques. Gravando imitando Desenho - Procedimento com Verniz Mole. Roleta. Água-tinta - Diferentes procedimentos. Gravando imitando lavado com Tinta Nanquim e resina. Gravado imitnado lavado de Tinta Nanquim. Gravado à Maneira Negra. Tiagem preliminares das Provas com Resinas. Retoques da Resina ao Brunidor. Acabamento da Gravura. A Prensa.










As Gravuras de Mário Dóglio (1908 - 1984, Rio de Janeiro)  anotava e organizava suas aulas, não terminando seu trabalho em vida, mas sua contribuição informativa quanto aos detalhes sobe o uso do buril, proveniente de sua atividade na Casa da Moeda, onde trabalhou por 32 anos, e onde as matrizes das notas foram e continuam até hoje sendo gravadas exclusivamente com buril. 


Casa da Moeda - RJ, [s.d.] Buril - 5,4 x 7,8 cm

Ministério da Fazenda - RJ, [s.d.] Buril - 7,2 x 9 cm

Jardim Botânico - RJ, [s.d.] Buril - 14,3 x 10,5 cm

Sagaz, o livro é uma combinação bem organizada de poética artística e processo de gravação como meio de expressão, os Impressores, tão importantes para a arte da gravura ser acessível ao público de várias épocas e lugares, dão seu depoimento com larga experiência do ofício, detalhando processos de impressão e da "sensibilidade e gosto pela coisa, para não mecanizar" diz  Roberto Grassmann, irmão do artista-gravador Marcelo Grassmann, que assumiu o posto que seu outro irmão Otto Grassmann, deixou quando faleceu. Superando as primeiras orientações com seus familiares, se aperfeiçoou no trabalho e pesquisa, refinando seus procedimentos até ser um dos impressores mais requisitados da Gravura Brasileira.  


Marcelo Grassmann, sem título, decada de 1970
àgua-tinta, buril, roleta - 29,5 x39 cm
  


sábado, 6 de março de 2021

Entrega dos Livros de Arte aos Acervos das Bibliotecas Municipais - Pinhais

 

Entrega dos Livros de Arte na Biblioteca Pública Municipal de Pinhais - PR

No dia 04 de Março de 2021, estivemos (como ação social isolada, e com todas as medidas sanitárias preventivas em meio a pandemia COVID19) no Centro Cultural Wanda dos Santos Mallmann, onde fica a Biblioteca Pública Municipal de Pinhais, Paraná, para a entrega dos Livros de Arte ao Acervo daquela que é "um ótimo espaço para quem gosta de ler ou precisa fazer uma pesquisa. A biblioteca oferece de graça ao público o emprétimo de livros, além de disponibilizar jornais e revistas para consulta, gibiteca, visitas monitoradas e troca de livros. Com um acervo de mais de 26 mil títulos de diversos temas, assuntos e novos lançamentos, o local é responsável por ações que contribuem para incentivar e criar o hábito da leitura no município. O acervo das obras pode ser consultado pela internet. Os dados estão disponíveis em um sistema informatizado, o 'Pergamum', que facilita a busca de títulos.  Além da biblioteca no Centro Cultural, há também outras duas bibliotecas públicas no município de Pinhais: a do Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU) e a do Centro da Juventude (CJ). Para fazer a consulta online, acesse o link:
Fonte: Prefeitura de Pinhais (24/04/2019) http://bit.ly/2W658EK

https://www.facebook.com/prefeituradepinhais/posts/2098691173586849/



Livros de Arte entregues ao município de Pinhais - PR


Devido as restrições preventivas atuais, as Bibliotecas de Pinhais estão fechadas para visitação, mas deixamos mais uma vez, a contribuição de livros selecionados e ligados diretamente aos temas abordados e debatidos pela proposta de proporcionar aos participantes das Oficinas Uma Viagem da Gravura ao Graffiti, livros, autores e títulos difíceis de serem encontrados, em sua maioria, autores brasileiros, mas também pensadores internacionais de grande referência ao conhecimento humano, histórico, cultural e artístico. Os Títulos e autores, entregues em Pinhais - PR são;

* Heroínas negras brasileiras; em 15 cordéis. Jarid Harraes, 2020.

* Nem tudo é provisório. Eliana Borges e Roseane Yampolschi, 2010.

* A partilha do sensível; estética e política. Jaques Rancière, 2009.
* O inconsciente estético. Jaques Rancière, 2009.

* Os brasileiros, André Toral, 2009.

* Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. Paulo Freire, 2011.

* 1499 O Brasil antes de Cabral. Reinaldo José Lopes, 2017.

* Como fazer seus próprios livros; novas ideias e técnicas tradicionais para criação artesanal de livros. Charlotte Rivers, 2016.

* Uma história de Sarajevo. Joe Sacco, 2005.

* Histórias e lendas do Brasil. Vários autores, 2012.

* O homem vermelho. Domingos Pellegrini, 2007. 

* História da Arte - A Pré-História e as primeiras civilizações. Lawrence Gowing, 2008. 

 

Fotos: Aline Mendes (Pedagoga e Educadora Social) 

Agradecimentos especiais à Coordenação das Bibliotecas Municipais, na pessoa da bibliotecária Elaine Biss, e a Coordenação de Oficinas e Projetos Culturais; Kátia Regina Lainetti e Luis Armando Andreoli, da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer de Pinhais.


#tbt 
Na edição anterior, do projeto Uma Viagem da Gravura ao Graffiti - Região Metropolitana de Curitiba (PROGRAMA DE FOMENTO E INCENTIVO À CULTURA DO ESTADO DO PARANÁ - SECRETARIA DE ESTADO DA COMUNICAÇÃO E CULTURA DO PARANÁ, 2014) estivemos entre 2017 e 2018, entregando os livros adquiridos pela proposta naquela ocasião nas três Bibliotecas Públicas de Pinhais; a Biblioteca do Centro Cultural, no bairro conurbado com Curitiba; Estância Pinhais, ligado ao Centro de Pinhais, na Biblioteca do CEU/Estação Cidadania, com cerca de 3 mil títulos disponíveis, localizada na Rua Trombetas, 828, no bairro Weissópolis. E no caso da Biblioteca do Centro da Juventude, que também disponibilizava 3 mil livros para a comunidade, situada na rua Ataulfo Alves, s/n, no bairro Maria Antonieta, entendemos em conjunto com a Diretoria do Departamento de Cultura, que nossa contribuição seria melhor aproveitada na Biblioteca do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos - CEEBJA Zilda Arns, localizada na mesma região daquele bairro e atendendo um número significativo da população jovem adulta e adolescente no período noturno.


Entrega dos Livros de Arte no CEU Weissópolis em 2018. (Foto: acervo UVGG)


Entrega dos Livros de Arte no Centro Cultural Wanda dos Santos Mallmann em 2018. (Foto: acervo UVGG)


Entrega dos Livros de Arte no CEEBJA Zilda Arns em 2017. (Foto: acervo UVGG)




 








quinta-feira, 28 de maio de 2020

#TBT - Colégio Estadual Prof. Frederica Rosa Johnson


(Fotos: Acervo UVGG, 2018)

Nesta quinta relembramos o período que estivemos no Colégio Estadual Professora Frederica Rosa Johnson, no bairro Cachoeira em Almirante Tamandaré. As oficinas aconteceram entre março e junho de 2018, com as turmas do Fundamental II e do Ensino Médio dos turnos Vespertino e Noturno, dentro do Projeto Uma Viagem da Gravura ao Graffiti - Região Metropolitana de Curitiba, contemplado pelo 1° Edital do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE) da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura.






quarta-feira, 20 de maio de 2020

#UVGGINDICA 2 - Uma Viagem da Gravura ao Grafitti Indica



Sítios Arqueológicos Brasileiros, Santos, SP: Editora Brasileira de Arte e Cultura, 2014. 200 páginas. 


A Doutora em Quaternário, Materiais e Culturas pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal, em 2012, e Arqueóloga pelo  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Brasil, Cristiane de Andrade Buco, traz um livro de exuberância na paisagem, em configurações mudadas pela iluminação do dia, que dão um cromatismo dramático a publicação, ricamente ilustrada por fotos de página inteira, as pinturas, abrangem símbolos, animais e figuras humanas, feitas com pigmentos vermelho, branco e tons azulados,  e as figuras sulcadas, formando gravuras em pedra, do Parque Nacional Serra da Capivara no estado do Piauí, mais precisamente a sudeste, perto das divisas com os estados da Bahia e Pernambuco.

As fotografias de Marcos Piffer, traduzem bem a imensidão do território por onde estiveram as populações humanas, e o povoamento do super continente  das Américas. A teoria mais aceita hoje em dia é de que os primeiros humanos chegaram no continente há cerca de 15.000 anos, vindos do nordeste do continente Asiático, onde hoje é a região da Sibéria, na Rússia e alcançando a travessia pelas ilhas que ainda eram elevadas no Estreito de Bering, e ao final da era do gelo, foram submergidas e fecharam esse canal com o que hoje chamamos de Alaska no  extremo noroeste da parte norte do super continente das Américas, mas outra consideração, a movimentação tectônica da Placa del Caribe se encontrando com a Placa Sudamericanamas, abriu um câmbio de especies inclusive as humanas, pois é fato que a travessia de Bering ocorreu, e como migrantes também atravessaram a Placa del Caribe rumo a Sudamerica. Uma outra vertente científica    considera a hipótese de  um povoamento anterior ao de Bering, migração ocorrendo pelo Oceano Pacífico, afirma na travessia da Austrália para a América, passando por ilhas em números elevados, antes da diferença no nível do mar.

O livro tem o texto de introdução de Niède Guidon, a arqueóloga brasileira nascida em Jaú, São Paulo, em 1933, reconhecidamente premiada por sua luta em preservar o Parque Nacional da Serra da Capivara, e teórica de uma segunda hipótese; de que as populações humanas em menor número, vieram pelo Atlântico, vindos da África. O que corresponde em gênero e grau de aproximação com esqueletos como o de "Luzia", e o de "Zuzu", um crânio masculino, oval e achatado, semelhante ao tipo africano, com uma datação de 9,920 anos antes do presente, encontrado na Toca dos Coqueiros, dentro do Parque Nacional Serra da Capivara. Guidon afirma que alguns dos sítios arqueológicos, como os do Piauí e em Lagoa Santa, Minas Gerais, contêm artefatos e vestígios que datam por volta de 58.000 anos atrás. Em 2006, os resultados das pesquisas de Eric Boeda, da  Universidade de Paris e Emílio Fogaça, da  Universidade Católica de Goiás, afirmam a feitura por seres humanos dos artefatos achados por Niéde em 1978 no Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato, e possuem idade entre 33 mil e 58 mil anos.

Com sua equipe desdobrando um bom números de projetos, Guidon espera reescrever a versão corrente da história demográfica do homem. Suas lacunas, são como peças de quebra cabeça ainda não encontradas perdidas talvez no Parque Nacional da Serra da Confusão, o maior parque da região nordeste, a  unidade de conservação integral à natureza, localizado na região sudoeste do Piauí as evidências arqueológicas, Com fotos de André Pessoa, as gravuras em pedra fortalecem o trabalho  vibrante de Guidon, com 1.300 descobertas de sítios arqueológicos e centenas de fósseis na região da Caatinga Brasileira. O livro destaca a segunda parte de fotografias e legendas à Outros Sítios Arqueológicos Brasileiros, destacando as pinturas rupestres de Pedra Talhada, em Niquelândia, Goiás. Talhado do Gavião, em Carnaúba das Dantas, no estado do Rio Grande do Norte. Tanques, em Jardim do Seridó, Rio Grande do Norte. Caicó, Rio Grande do Norte. Lajedo Soledade, Apodi, Rio Grande do Norte. Pedra do Ingá, na Paraíba. Parque Nacional das Sete Cidades, unidade de conservação brasileira de proteção integral da natureza, localizado no norte do estado do Piauí, um local que abriga formações rochosas de cerca de 190 milhões de anos e ricas inscrições rupestres. Uma segunda perte desse capítulo, trata da investigação da arqueologia em áreas ocupadas pelos seres humanos em épocas mais recentes, como; o Sítio Histórico São Francisco, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. A fortificação de Fernando de Noronha em Pernambuco, é um Sítio Arqueológico Histórico formado por oito fortes.  Ruínas do Engenho São jorge dos Erasmos, em Santos, São Paulo. Ruínas do Sítio Arqueológico Histórico de São Miguel Arcanjo, construídos nos séculos XVI e XVII são hoje ruínas reconhecidas como Patrimônio Mundial da humanidade pela UNESCO desde 1983, está em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.

  


A última parte do livro; 'Escavar e preservar', trata sobre o trabalho do arqueólogo , do encontrar, do recolher, do tratar as peças, artefatos e vestígios, e apresentá-los ao público,  em conjunto da pesquisa, assim, chegamos ao Museu Arqueológico Àgua Vermelha em Minas Gerais, ao Museu de Arqueologia do Xingó, em  Canindé do São Francisco, no estado do Sergipe, Museu Histórico Caetano da Silva, em Macapá, no Estado do Amapá, e finalmente ao Complexo  Museu do Homem Americano, instituição que administra o Parque Nacional da Serra da Capivara, e agora também o Museu da Natureza, desde 2018.

Uma consideração de curiosidade e diferença, é que o Livro Sítios Arqueológicos Brasileiros, contém três sobrecapas sem qualquer alteração em seu conteúdo interno. 





quinta-feira, 14 de maio de 2020

Oficina de Estêncil (Graffiti ou Pichação?) SESC Paranaguá 2013

(Fotos: Acervo Felipe Pacheco Brüschz, 2013)
Oficina desenvolvida durante o Programa Brincando nas Férias do SESC de 2013, e teve como objetivo expor a técnica do Estêncil, molde vazado, impresso com tinta spray sobre papel. A diversão e conhecimento no processo criativo, além de aprimorar tentativas, também revelou aos participantes o uso dos EPI's - Equipamentos de Proteção Individual, Máscaras e Luvas, que mobilizaram esforços para ao inicio dos exercícios se atentassem em não desperdiçar os materiais novos oferecidos pela Oficina, e ao final das atividades, separassem os resíduos que potencialmente poderiam ser reaproveitados e reciclados, dando-lhes os devidos destinos nas lixeiras adequadas. Além da prática ambiental, em pensar os lugares públicos como bem comum e que todos devam realizar a melhor destinação dos materiais industrializados que podem ser reciclados, debatemos aspectos das imagens a serem criadas, como bordas de segurança, silhueta dos personagens e areas vazadas, por onde a tinta passa e também é impedida de passar, formando a figura, a paisagem e suas interações cromáticas, camadas de impressão. A partir de uma narrativa que as meninas presentes iniciaram quanto a existência, de seres mitológicos e monstros; interagindo com os meninos que defendiam que monstros e histórias podem existir sim, desde que imaginadas, vividas ou sonhadas. 


(Fotos: Acervo Felipe Pacheco Brüschz, 2013)


Partindo deste embate, a criação de imagens inéditas, desenhadas com canetão/pincel atômico sobre sulfite 90g, pelos participantes da Oficina, Sereias e Bruxas, dividiram espaço com centauros e monstros alienígenas, da transformação do desenho, para um papel recortado e depois, impresso com tinta spray em cópias, conseguimos transcender a rivalidade inicial entre meninas e meninos, e partilhados com seus familiares, os resultados ao final da jornada.


(Fotos: Acervo Felipe Pacheco Brüschz, 2013)


Nessas oportunidades, lá atrás já em 2013, podíamos abertamente divulgar a nova Lei Federal que consistiu em diferenciar essencialmente o crime da pichação e o Graffiti autorizado, pela Lei Federal de 2011;

LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998, CAPÍTULO V - DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
Seção IV - Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural, o:(Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 12.408, de 2011)
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei nº 12.408, de 2011)
LEI FEDERAL 12.408/2011. Disponível em:
LEI FEDERAL 9.605/1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm#art65
- Acessados em 21/01/2013.


(Fotos: Acervo Felipe Pacheco Brüschz, 2013)


Texto de Divulgação do SESC PARANÁ em 2013: "A edição de verão do projeto Brincando nas Férias no Sesc Paranaguá vai além de ações recreativas, pois também oferta atividades arte-educativas. O artista plástico Sérgio Moura foi convidado para ministrar a oficina de confecção de pipas; o arte-educador e artista plástico, Felipe Pacheco, ministrou a oficina de Estêncil; e a atriz Maia Piva executou as sessões de Contação de Histórias. As ações foram coordenadas pelas técnicas de Recreação e de Cultura, Verônica do Amaral e Marcela Cristina Bettega, respectivamente. As atividades que contemplam o Brincando nas Férias são uma oportunidade de encontro e de desenvolvimento humano. Optar por oficinas com outras características, proporciona diferentes gamas de vivências, as quais enriquecem as experiências e as relações, ainda mais em crianças nas faixas etárias atendida pelo projeto."