Gravura em Metal. Marco Buti e Anna Letycia (orgs.)
ISBN 978-85-314-0586-0 23 x 23 cm 296 p.
1. ed. reimpr. - São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015.
Este é um livro de vários autores, os textos reunidos foram produzidos em diferentes épocas, e lugares. Marco Francesco Buti, nasceu em Empoli, Itália, 1953 vindo morar no Brasil em 1962, tornando-se Gravador, Desenhista e Professor, depois graduar na Escola de Comunicação e Artes da universidade de São Paulo ECA/USP em 1980 e agir diretamente na Montagem do Atelier de Gravura na Universidade Estadual de Campinas UNICAMP, ganhou prêmios em Curitiba, São Paulo e Itália. Buti, defende a pesquisa na gravura, através de metodos muito ligados a pratica artística como intervenção artesanal, principalmento no processo gráfico, onde a experimentação e a prática valida variantes técnicos, provenientes de uma coletânea alquimista que reúne conhecimentos dos tempos remotos da humanidade, atravessando periodos clássicos, aos medievais, até as recente cientificidades descobertas e em processo de desenvolvimento. O livro começa com a introdução de Buti nesse sentido; de apresentar um manual que contenha métodos tradicionais, e também seja a combinação com os processos gráficos experimentais e inovadores. A poética e os procedimentos técnicos se alternam em busca da experiência artística em sua plenitude, ou como sugere Buti, em sua totalidade.
Os textos iniciais de Buti, contam como o processo de gravação, englobando a prática da gravura e, manifestando-se por seu intermédio, criam uma distinção qualitativa no uso dessa tecnologia, em acordo expressivo com o pensamento de Decio Pignatari (1927-2012) " Não mais artesanato, mas arte" em Os Tempos da Arte e da Tecnologia. Ana Mae Barbosa; Lucresia D´Alessio: Elvira Vernaschi (orgs.) O Ensino das Artes das Universidades, São Paulo, Edusp, 1993. O teor histórico, traz três cartas resgatadas à Evandro Carlos Jardim, escritas por José Moraes, e descrevem em desenhos e textos escritos a mão e a máquina, corrigidos e rasurados, lembrando os manuscritos de Leonardo da Vinci, com seu testemunho comprometido na transmissão de conhecimentos, e o estilo experimental e criador de artistas pesquisadores.
Combinando a produção gráfica e descrição dos procedimentos técnicos, o livro e organizado em três polos de irradiação da gravura no Brasil; Carlos Oswald, Mário Dóglio e Francesc Domingo. Trazendo informações técnicas diversificadas sobre métodos e instrumentos utilizador pelo artista-gravador, o manejo das tintas e vernizes, a preparação do local de trabalho, modalidades de gravura.
Carlos Oswald (1882, Florença, Itália - 1971, Rio de janeiro). "É sem dúvida o responsável pelo surgimento da gravura em metal moderna no Brasil, conceituada como obras independente e não reprodutiva." (Marco Buti) relativizando o período no início do século vinte, em que a gravura é revalorizada como meio de realização poética, já que como trabalho de reprodução tinha sido substituída por processos fotomecânicos. Oswald, é formador de grande número de artistas que divulgam e disseminam seus conhecimentos, montam exposições, organizam palestras, publicam artigos em revistas e jornais, realizando o desenvolvimento dos trabalhos em Gravura em Metal.
Teresópolis, 1925. Água-forte, água-tinta, ponta-seca - 17,7 x 28 cm
O Gigante Adormecido. Água-tinta - 27,5 x 19 cm
Gávea, 1925. Água-forte, água-tinta, ponta-seca - 27,3 x 20 cm
Sem título, sem data. Água-forte, água-tinta, ponta-seca - 37,5 x 27,9 cm
Sem título, sem data. Água-forte - 21 x 10,3 cm
Francesc Domingo Segura (Barcelona, 1893 - São Paulo, 1974).
"...veinculou um pequeno livro contendo princípios da gravura em metal, há muito esgotado" (Marco Buti)
A cidade de São Paulo Vista da Várzea do Carmo, década de 1950
Água-forte 9,3 x 15,7 cm
Princípios Técnicos de Calcografia Manual do Água-fortista
Compila a formação de um gravador e seu ambiente de produção. Em resumo, as seções do capítulo dão um ótimo panorama das 16 páginas do Manual; Khalkos (grego), Calcos; Arte da gravura sobre metais. O atelier do gravador. Utensílios: Buril, Ponta, Raspador, Régua T, Martelo, Pedra de afiar, Lupa, Pinça grande, Escova de aço.
Metais: Latão, Cobre, Zinco, Aço ou Ferro. Bacias e Papel.
Mordedores; Ácido nítrico, Acético, Clorídrico, Percloreto de ferro.
Vernizes; verniz a bola, verniz a pincel, Verniz a base líquida, Emprego dois vernizes, Maneira de envernizar a pincel. Calco e descalco do desenho. Traçado a ponta: Mordedura. Tintas e tiragens das primeiras provas. Retoques. Gravando imitando Desenho - Procedimento com Verniz Mole. Roleta. Água-tinta - Diferentes procedimentos. Gravando imitando lavado com Tinta Nanquim e resina. Gravado imitnado lavado de Tinta Nanquim. Gravado à Maneira Negra. Tiagem preliminares das Provas com Resinas. Retoques da Resina ao Brunidor. Acabamento da Gravura. A Prensa.
As Gravuras de Mário Dóglio (1908 - 1984, Rio de Janeiro) anotava e organizava suas aulas, não terminando seu trabalho em vida, mas sua contribuição informativa quanto aos detalhes sobe o uso do buril, proveniente de sua atividade na Casa da Moeda, onde trabalhou por 32 anos, e onde as matrizes das notas foram e continuam até hoje sendo gravadas exclusivamente com buril.
Casa da Moeda - RJ, [s.d.] Buril - 5,4 x 7,8 cm
Ministério da Fazenda - RJ, [s.d.] Buril - 7,2 x 9 cm
Jardim Botânico - RJ, [s.d.] Buril - 14,3 x 10,5 cm
Sagaz, o livro é uma combinação bem organizada de poética artística e processo de gravação como meio de expressão, os Impressores, tão importantes para a arte da gravura ser acessível ao público de várias épocas e lugares, dão seu depoimento com larga experiência do ofício, detalhando processos de impressão e da "sensibilidade e gosto pela coisa, para não mecanizar" diz Roberto Grassmann, irmão do artista-gravador Marcelo Grassmann, que assumiu o posto que seu outro irmão Otto Grassmann, deixou quando faleceu. Superando as primeiras orientações com seus familiares, se aperfeiçoou no trabalho e pesquisa, refinando seus procedimentos até ser um dos impressores mais requisitados da Gravura Brasileira.
Marcelo Grassmann, sem título, decada de 1970
àgua-tinta, buril, roleta - 29,5 x39 cm