quarta-feira, 20 de maio de 2020

#UVGGINDICA 2 - Uma Viagem da Gravura ao Grafitti Indica



Sítios Arqueológicos Brasileiros, Santos, SP: Editora Brasileira de Arte e Cultura, 2014. 200 páginas. 


A Doutora em Quaternário, Materiais e Culturas pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal, em 2012, e Arqueóloga pelo  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Brasil, Cristiane de Andrade Buco, traz um livro de exuberância na paisagem, em configurações mudadas pela iluminação do dia, que dão um cromatismo dramático a publicação, ricamente ilustrada por fotos de página inteira, as pinturas, abrangem símbolos, animais e figuras humanas, feitas com pigmentos vermelho, branco e tons azulados,  e as figuras sulcadas, formando gravuras em pedra, do Parque Nacional Serra da Capivara no estado do Piauí, mais precisamente a sudeste, perto das divisas com os estados da Bahia e Pernambuco.

As fotografias de Marcos Piffer, traduzem bem a imensidão do território por onde estiveram as populações humanas, e o povoamento do super continente  das Américas. A teoria mais aceita hoje em dia é de que os primeiros humanos chegaram no continente há cerca de 15.000 anos, vindos do nordeste do continente Asiático, onde hoje é a região da Sibéria, na Rússia e alcançando a travessia pelas ilhas que ainda eram elevadas no Estreito de Bering, e ao final da era do gelo, foram submergidas e fecharam esse canal com o que hoje chamamos de Alaska no  extremo noroeste da parte norte do super continente das Américas, mas outra consideração, a movimentação tectônica da Placa del Caribe se encontrando com a Placa Sudamericanamas, abriu um câmbio de especies inclusive as humanas, pois é fato que a travessia de Bering ocorreu, e como migrantes também atravessaram a Placa del Caribe rumo a Sudamerica. Uma outra vertente científica    considera a hipótese de  um povoamento anterior ao de Bering, migração ocorrendo pelo Oceano Pacífico, afirma na travessia da Austrália para a América, passando por ilhas em números elevados, antes da diferença no nível do mar.

O livro tem o texto de introdução de Niède Guidon, a arqueóloga brasileira nascida em Jaú, São Paulo, em 1933, reconhecidamente premiada por sua luta em preservar o Parque Nacional da Serra da Capivara, e teórica de uma segunda hipótese; de que as populações humanas em menor número, vieram pelo Atlântico, vindos da África. O que corresponde em gênero e grau de aproximação com esqueletos como o de "Luzia", e o de "Zuzu", um crânio masculino, oval e achatado, semelhante ao tipo africano, com uma datação de 9,920 anos antes do presente, encontrado na Toca dos Coqueiros, dentro do Parque Nacional Serra da Capivara. Guidon afirma que alguns dos sítios arqueológicos, como os do Piauí e em Lagoa Santa, Minas Gerais, contêm artefatos e vestígios que datam por volta de 58.000 anos atrás. Em 2006, os resultados das pesquisas de Eric Boeda, da  Universidade de Paris e Emílio Fogaça, da  Universidade Católica de Goiás, afirmam a feitura por seres humanos dos artefatos achados por Niéde em 1978 no Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato, e possuem idade entre 33 mil e 58 mil anos.

Com sua equipe desdobrando um bom números de projetos, Guidon espera reescrever a versão corrente da história demográfica do homem. Suas lacunas, são como peças de quebra cabeça ainda não encontradas perdidas talvez no Parque Nacional da Serra da Confusão, o maior parque da região nordeste, a  unidade de conservação integral à natureza, localizado na região sudoeste do Piauí as evidências arqueológicas, Com fotos de André Pessoa, as gravuras em pedra fortalecem o trabalho  vibrante de Guidon, com 1.300 descobertas de sítios arqueológicos e centenas de fósseis na região da Caatinga Brasileira. O livro destaca a segunda parte de fotografias e legendas à Outros Sítios Arqueológicos Brasileiros, destacando as pinturas rupestres de Pedra Talhada, em Niquelândia, Goiás. Talhado do Gavião, em Carnaúba das Dantas, no estado do Rio Grande do Norte. Tanques, em Jardim do Seridó, Rio Grande do Norte. Caicó, Rio Grande do Norte. Lajedo Soledade, Apodi, Rio Grande do Norte. Pedra do Ingá, na Paraíba. Parque Nacional das Sete Cidades, unidade de conservação brasileira de proteção integral da natureza, localizado no norte do estado do Piauí, um local que abriga formações rochosas de cerca de 190 milhões de anos e ricas inscrições rupestres. Uma segunda perte desse capítulo, trata da investigação da arqueologia em áreas ocupadas pelos seres humanos em épocas mais recentes, como; o Sítio Histórico São Francisco, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. A fortificação de Fernando de Noronha em Pernambuco, é um Sítio Arqueológico Histórico formado por oito fortes.  Ruínas do Engenho São jorge dos Erasmos, em Santos, São Paulo. Ruínas do Sítio Arqueológico Histórico de São Miguel Arcanjo, construídos nos séculos XVI e XVII são hoje ruínas reconhecidas como Patrimônio Mundial da humanidade pela UNESCO desde 1983, está em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.

  


A última parte do livro; 'Escavar e preservar', trata sobre o trabalho do arqueólogo , do encontrar, do recolher, do tratar as peças, artefatos e vestígios, e apresentá-los ao público,  em conjunto da pesquisa, assim, chegamos ao Museu Arqueológico Àgua Vermelha em Minas Gerais, ao Museu de Arqueologia do Xingó, em  Canindé do São Francisco, no estado do Sergipe, Museu Histórico Caetano da Silva, em Macapá, no Estado do Amapá, e finalmente ao Complexo  Museu do Homem Americano, instituição que administra o Parque Nacional da Serra da Capivara, e agora também o Museu da Natureza, desde 2018.

Uma consideração de curiosidade e diferença, é que o Livro Sítios Arqueológicos Brasileiros, contém três sobrecapas sem qualquer alteração em seu conteúdo interno. 





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